Agora em abril farei oito anos de pinguim. Não entendeu? Pense um pouco. Com o que essa ave é associada no mundo da tecnologia? Ela costuma ter nome próprio: Tux. E é mascote de quê? De um sistema operacional. Qual? Se você respondeu Linux, acertou em cheio. Oito anos desde o dia em que me tornei oficialmente Linuxer, e com orgulho.
No entanto, já tive experiências passadas com Linux antes, algumas delas tão antigas como lá do período em que eu ainda fazia o Técnico em Informática no Colégio La Salle e alguns cursos extras no SENAC - ou seja: entre 1998 e 2000, em plena adolescência. Minha primeira vez foi com o antiquíssimo Conectiva Linux 3.0 - na época ele era novidade. Lembro que ele iniciava numa tela preta com um cursor piscante e, lá dentro, era necessário digitar "xfree86" ou "kde" para entrar em um dos ambientes gráficos existentes, WindowMaker ou KDE. Pessoalmente curti mais o segundo, pois tinha um design mais "tradicional" (eu usava Windows 98 naqueles tempos, então está explicado). Até que eu estava gostando bastante, mas como o conteúdo do Técnico em Informática começou a envolver PASCAL, Visual Basic e Delphi, e naquela época não haviam equivalentes para Linux, fui obrigado a voltar ao Windows 98. Mas já imaginei que um dia o Tux pousaria no meu PC de novo... e aconteceu.
Alguns anos depois, já na faculdade de Música (é, PASCAL, Visual Basic e Delphi deram lugar a Barroco, Clássico e Romântico, vejam só...), eu usava o PC para editar partituras, primeiro no NoteWorthy Composer, depois no Encore. Tudo rodando em Windows 2000. Mas não deixei a Informática de lado - eu colecionava os números da revista PC Expert, que sempre vinham com CDs de programas e jogos. Uma dessas veio com o Corel Linux (sim, outra distribuição hoje super velha) completo. Adivinhem? Vi aquele CD e já me cocei para instalar o dito cujo. Dito e feito. Pus o CD e alguns minutos depois o sistema já estava na máquina. Tinha quase tudo o que eu precisava: navegador, e-mail, pacote de escritório etc., bem distribuídos num ambiente KDE 3 (acho). Mas não tinha editor de partituras, nem editor de áudio (ainda)... O que fazer?
Após pesquisas, descobri aquilo que me salvou na hora: o tal do WINE. Rodar programas de Windows em Linux? Legal... Testaremos. E deu certo: eu tinha tudo quanto era programa, e o que naquele tempo não existia para Linux, o WINE provia. Perfeito, não?
Bem... Estava tudo às mil maravilhas com o Corel Linux, mas não tinha jeito de eu conseguir instalar a impressora. Se não me engano era uma Lexmark velhaça... Aí precisei instalar de novo o Windows 2000 só por causa dessa impressora. Que dó, que dó...
Mas eu sabia que o Tux voltaria, e voltou de novo.
Já em 2006 ou 2007, não lembro direito agora, eu era usuário do Windows XP. Tudo parecia mais ou menos bem nele, sem grandes problemas. Mas como sempre fui muito teimoso em querer usar Linux, resolvi brincar disso novamente, dessa vez com uma distribuição bem mais compacta: Kurumin Linux. Foi bem interessante, pois ao contrário das outras, que exigiam vários passos complicados durante a instalação, essa já tinha tudo meio que automatizado, através dos chamados "ícones mágicos": você clicava neles para instalar certos programas, e ele fazia todo o resto. Simples assim. Não lembro qual era o ambiente gráfico, mas era super simples e funcional. Por um certo tempo esse foi meu sistema operacional principal, mas novamente precisei voltar ao Windows por "n" motivos.
Até que um dia, enquanto eu estava no meio de uma tarefa complicada, o Windows XP pirou de vez. Do nada surgiu um monte de janelas sem sentido, o mouse começou a tremer, o teclado ficou louco... Vírus. Aquilo foi o estopim para uma verdadeira revolução no meu modo de trabalhar.
Em abril de 2008, já cansado de tantos problemas com o Windows, e querendo me livrar de ter que recorrer ao pagamento de licenças se quisesse continuar usando os programas que eu tinha, decidi abandonar de vez os sistemas pagos e instalar o Ubuntu 8.04. Sabe aquela coisa do "na hora certa, no lugar certo"? Foi assim. Aquela distribuição veio muito bem a calhar, pois ao mesmo tempo que eu não estava mais afim do Windows, eu também não queria perder muito tempo com configuração. Foi uma questão de instalar e pronto.
No Ubuntu 8.04 tinha literalmente TUDO, e sem custo algum. O começo foi um pouco difícil por eu não conseguir acertar o som e algumas outras coisas, mas em vez de recorrer ao Windows de novo, resolvi ir atrás de tutoriais para corrigir esses e outros itens. E assim fui, buscando soluções, aprendendo, pesquisando, fazendo testes, até concluir que o Windows definitivamente não fazia mais parte do meu trabalho. Isso há quase uma década. É... O Tux veio para ficar mesmo...
Desde então já passei por uma penca de distribuições: várias versões do Ubuntu (do 8.04 ao 14.04), do Linux Mint (do 11 ao 17.3), do Debian (6 e 7) e de outras. Cheguei até mesmo a arriscar um Arch e um Gentoo, mas como eles são bem mais avançados e envolvem muita configuração manual, achei melhor não dar o passo maior que a perna e deixá-los para algum ponto no futuro.
Atualmente uso o openSUSE Leap 42.1 com ambiente GNOME 3.16. Essa tem sido de longe a melhor distribuição que já usei na vida e dificilmente me vejo usando outra.
Falei sobre "revolução no meu modo de trabalhar"? Pois então... Desde o dia em que adotei o Linux de vez, não me restringi apenas ao sistema operacional: fui buscando alternativas livres aos programas que eu costumava usar. Hoje, salvo raríssimas exceções, praticamente todo o software do meu PC é open source. Ah, contei que em 2011 fiz todo o meu trabalho de conclusão da faculdade de Música em Linux, não apenas a parte escrita, mas a composição musical propriamente dita também?
Então, há quase oito anos o Tux, que já havia me visitado algumas vezes, veio pedir morada, e hoje ele tem um lugar especial aqui em casa...
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