Não adianta, na vida, precisamos ser abertos e verdadeiros. Não há por que esconder os sentimentos dentro de cofres imaginários, fingindo autoconfiança, mas, no fundo, sabendo que essa aura arrogante é só uma forma mascarada de medo. Medo da rejeição? Talvez. Ou seria o pior de todos os medos - o de amar?
Acho que já falei outras vezes aqui: sempre fui tímido e introvertido (N. do A.: esses adjetivos NÃO são sinônimos), e isso dificilmente mudará, ainda mais na minha idade. Por causa desse misto de timidez e introversão, nunca tive muita chance quando o assunto era relacionamentos amorosos. Tive algumas experiências, mas o resultado foi sempre o mesmo: a moça não aguentava minha timidez e a relação acabava ali. Nessas horas, o TEA se torna um sacrilégio, pois enquanto podemos nos destacar em muitas áreas, quando o assunto é o amor, pecamos feio...
Minha vida amorosa vinha sendo uma tremenda decepção. Uma vez cheguei até a desistir de relacionamentos, me afundando na carreira profissional, me tornando uma máquina de trabalhar, esquecendo da minha condição de ser humano. Quando eu conversava com alguém, eram estritamente assuntos de trabalho. Por mais que eu ame minha profissão, naquele tempo eu a via apenas como um sustento. E quando eu notava que alguém do sexo oposto tinha outras intenções comigo, afastava na hora a hipótese; afinal, o amor era um câncer a ser evitado.
Era.
Há seis anos atrás me vi apaixonado pela primeira vez em sei lá quanto tempo. Foi uma via de mão única - enquanto eu sonhava com uma vida a dois com ela, ela me via apenas como um amigo. O erro foi meu: não demonstrei minhas intenções, por ainda andar sequelado das tentativas anteriores. Tirei uma lição dali: demonstre logo seus sentimentos em relação à outra pessoa, mesmo com o risco da rejeição, ou se arrependerá depois.
Lição que hoje, amadurecido, carrego comigo. O amor é um caminho sem volta, cheio de desafios, os quais só podem ser superados com uma overdose de coragem...
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