Será que agora vai? Sobre a cura do medo de amar



Nem sei o que escrever aqui. Só sei que, até o momento, eu me achava um ser à parte, que nunca se encaixava em nada, que vivia como um simples espectador de tudo o que acontecia à sua volta. Mas após todos os textos que li, falando sobre tantos aspectos de pessoas similares a mim, que se sentem pressionadas pelos padrões sociais, concluí que a coisa não é bem assim. Explico a seguir.
Se antes eu me achava um alienígena caído na Terra por acaso, hoje me vejo bem diferente. Percebi que, mesmo seguindo um caminho altamente particular, ainda assim faço parte da espécie humana; e, sendo da natureza humana, é difícil para mim viver na ilusão da autossuficiência. Os seres humanos dependem uns dos outros, bem ao contrário do que o mercado do coaching diz por aí, que cada um é dono de si e era isso. Claro, independência é uma coisa, mas a ilusão da autossuficiência é outra, bem diferente.
Em função dessa descoberta recente (por incrível que possa parecer), me vi sentindo algo até então desconhecido para mim: solidão. Não que eu considere isso algo ruim - inclusive acho a solidão necessária em vários momentos, principalmente quando a pessoa precisa se concentrar para algo, ou precisa de mais tempo para si mesma. Mas nunca imaginei viver como um eremita, afastado de tudo e de todos. Lá, bem no fundo do meu âmago, venho travando uma luta diária, tentando vencer o jogo do amor, mas quase sempre chutando na trave.
Em se tratando de relacionamentos, sempre me achei um desastre completo e absoluto. Foram várias tentativas anteriores, algumas quase deram certo, mas minha sensação de não-pertencimento ao mundo atrapalhou tudo. O resultado foi que passei a ter medo de amar - e isso é terrível, principalmente porque o amor é parte do desenvolvimento humano, embora tantos o neguem nos dias de hoje, alegando “n” motivos. Um ser humano sem amor é um ser humano sem vida. É apenas uma máquina.
O tempo foi passando e eu me via cada vez mais afastado da possibilidade de uma vida a dois. Agora - e somente agora - a situação começou a mudar. Lá no fundo eu sempre quis uma companheira, mas só agora percebi o quanto isso pode ser benéfico para mim (e, naturalmente, para ela). E dizer que eu rejeitava isso por medo... Tenho recorrido à psicoterapia para tratar de vários problemas pessoais - já foi praticamente tudo resolvido, e essa parte do medo de amar é a única que ainda está em andamento, mas já estou quase lá.
Hoje posso dizer que, embora sem qualquer previsão, meus dias de solteiro podem estar contados. Acredito que falta pouco... Claro que ser solteiro tem suas vantagens, mas convenhamos... Por mais que a sociedade atual diga que não, a vida a dois é, sempre foi e sempre será melhor. Nossos pais e avós sempre tiveram razão nesse assunto - ninguém, e digo realmente ninguém tolera a solidão absoluta por tanto tempo.
Nada como a felicidade compartilhada, o andar de mãos dadas, o dividir o café da manhã com a pessoa amada, o dormir juntinhos... Mas há uma condição: não devo sair por aí experimentando todas as companhias possíveis. Esse negócio de "pegar geral" não combina nem um pouco comigo. Passo longe disso. Se for para ser, que seja com a pessoa certa. Nesse ponto ainda sou super reservado, e não vejo por que mudar. Até porque falo de amor puro e verdadeiro, não de transar uma noite com fulana, outra com sicrana, outra com beltrana e assim por diante.
E aí, será que é hora de, finalmente, após tantas tentativas frustradas anteriores e a quase desistência do amor, encontrar a outra metade faltante? Só o tempo dirá...

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