A placa da BR-116


Eu estava ali no centro de Canoas-RS, a passeio. De repente avistei, perto da passarela, a placa do KM 265 da BR-116, logo ali na entrada da avenida Santos Ferreira. Não sei por quê, mas, todavia, resolvi chegar mais perto da placa.
Quando viajamos de carro por estradas e vemos essas placas de marcação de quilometragem, imaginamos que são pequenas. Pois as vemos pequenas de dentro do carro. Também não prestamos muita atenção, pois passamos rápido, a uns 60-100km/h, conforme a estrada.
Agora... Experimente chegar bem perto de uma placa dessas. Foi o que fiz naquele dia. Não sou necessariamente baixinho - aliás, pelo contrário, tenho quase 1,80m de altura. Mas a placa... Bom... Essa é BEM mais alta do que se pensa. E não só alta, como também larga. O que parecia pequeno de dentro do carro, na real, é enorme. É uma questão de ângulo e foco de visão.
Tá, mas o que eu quis dizer com tudo isso?
Simples.
Passamos muito depressa pela vida. A correria diária faz com que não consigamos parar e prestar atenção em todos os detalhes do mundo ao nosso redor. Fomos treinados desde pequenos a disputar uma corrida injusta por sobrevivência, dinheiro, status, títulos; e esquecemos de ver a beleza das pequenas coisas. Quantas flores já foram pisoteadas sem querer porque alguém foi correndo ao serviço? Quantos passarinhos deixaram de ser vistos e admirados porque nos vemos atrasados para pegar um ônibus? Quantos pique-niques na praça com a família deixamos de fazer porque vivemos no automático, só trabalhando e acumulando dinheiro para pagar contas? Quantos potenciais casais de namorados não aconteceram porque muitos homens e mulheres, em suas maratonas robóticas diárias, não pararam para se conhecerem?
Até uma simples placa de marcação de quilometragem de rodovia, como essa do KM 265 da BR-116, tem seu valor. Não fosse por ela, não saberíamos exatamente em que ponto da estrada estamos. Mas essa e outras placas idênticas também tem seu valor por outro motivo: parecem pequenas porque vemos de longe, mas quando chegamos bem perto, são gigantes. Assim são as pequenas coisas da vida: insignificantes na correria aloprada da sociedade moderna, mas extremamente valiosas quando deixamos de lado essa roda-viva que nos prende (a tal matrix) e passamos a enxergar tudo com outros olhos. Quando nos damos por conta de que somos muito mais do que simples bois numa boiada - que, na maioria das vezes, vai rumo ao matadouro sem nem saber para onde está indo.
Vivo a simplicidade. Vivo os pequenos detalhes que, em geral, passam despercebidos. Vivo a vida plena, apreciando cada pequena coisinha ao meu redor. Vivo assim. Vivo.

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